terça-feira, 27 de setembro de 2011

Volver al futuro!

A Argentina é uma nação oitentosa. É só reparar no corte de cabelo e na roupa da galera, nos motoqueiros sem capacete, nos motoristas sem cinto de segurança, nos carros, nos ônibus, na quantidade de covers do Queens e nas garrafas retornáveis de coca cola no supermercado (a maquininha de remarcar preço, quase uma instituição Brasileira nos anos 80, também anda em voga por aqui) enfim, imagens da minha infância estão no meu presente argentino. 
Agora, imagine garoto propaganda melhor que este aí de baixo, para uma das maiores redes de eletrônicos e eletrodomésticos do país, o Garbarino



Si, si, é ele mesmo, o Doc Brown voltando diretamente do ano de 1985! A propaganda pode não ser genial, mas o garoto é. E aí vai o viral que anda dando volta pela net:



Nada como cair no futuro e comprar um aspirador de pó de última geração. Deve ser o sonho de qualquer um.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Mudanças y cambios.

Eu adoro mudanças. Já mudei de cidade, de estado e de país. Já mudei de idioma e de cor de cabelo. Mas também sou melancolicamente nostálgica. Por mais ansiada ou sem importância que seja a mudança, nos últimos dias bate aquele bajón, aquela saudades antecipada. 
Chegou a hora de mudar uma vez mais e sair do que foi por dois anos a minha casa. Hora de encaixotar os meus 6 anos aqui, tirar as roupas do armário e tampar os buracos da parede. Dizer adiós ao cheiro da casa, ao jardim de couve brasileira na janela do meu quarto e das altas conversas com o meu super roommate ao pé da falsa e brega lareira enfeitava enfeiava a sala. Daqui a algumas horas, quando o caminhão de mudança chegar, toda esta vivência vai virar história, vai ser guardada, construida e reconstruida na minha memória até descansar em algum canto do meu córtex cerebral. Estranho pensar que tudo que um dia foi  percebido pelos meus sentidos, tão sensorial e real, inevitavelmente se transformará em uma base de dados abstrata dentro da minha cabeça. E nem por isso deixará de ser real. 


Agora, para coroar este momento de suma melancolia existencialista típica de la nación, nada melhor que um tango. Mais argentino impossível.


Como o blogger não está encontrando o video correto no youtube, deixo o link aqui. Como o post não pode passar em bracas nuvens, vai uma foto tangueira para mostrar que o ritmo triste e melancólico vai além das parejitas (casais) fazendo piruetas no Señor Tango. O tango é uma melancolía compartida. Entre homens.
O tango era coisa só de homem, mulheres nem como companheiras de dança.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Argentina Virtual parte 1 1/2

Pedi a colaboração de alguns conhecidos para fazer o post de sites copados (legais). Muita gente me indicou o Gran D.T., que já foi mencionado na midia brazuca e já deve contar com uma versão nacional. Mas a Camila Provost, uma amiga super querida, apresentou o meu novo vício virtual: O blog pelotudo. Pra quem entende um pouquinho de espanhol e quer se especializar no "argentinês" esse é um bom começo. É dos blogs para passar a tarde lendo e não é a melhor companhia em semana de prova. 


Argentina virtual

Já que esta semana tenho prova e tô sem tempo para escrever algo interessante, legal e divertido por aqui, indico os sites (páginas em argentinês) onde eu sempre dou uma olhadinha para ver o que há de novo, de velho, de legal e de bonito.

Para acompanhar diariamente o país entro aqui. Para ver a derrota da seleção brasileira de baquete ou qualquer outra notícia sobre esporte (e muito futebol), acesso o já clássico   olé.  Para saber onde e o que comer o meu endereço fixo é este. Para virar um experto em rock nacional. Para adotar a moda argentina
Net art eu tenho aqui e aqui. E é prá  que eu vou sempre que estou em Buenos Aires. O Fuerza Bruta é O espetáculo "tem que ver". Meu pai sempre escuta esta radio, mas esta também vale a pena, uma para notícias e outra para mover o corpinho. Uns amigos criaram este espaço. Para terminar, os dois templos (ilegais mas super legais) do mundo virtual geek argentino: cuevana e taringa. Mudaram minha vida.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Minha La Plata

La plata (o dinheiro) é boa, mas La Plata (a cidade) pode ser muito interessante. Cidade de estudantes universitários (eu) e funcionários públicos, morre nos meses de janeiro e fevereiro (férias!), mas durante o ano é super ativa. E como em qualquer cidade repleta de estudante falido em via de desenvolvimento, a cena underground e alternativa é super valorizada. Só pegar o guia cultural de um dos (dois) jornais para  escolher que peça de teatro, show, filme, exposição ou performance a que comparecer. Sem contar os convites via facebook e email que proliferam na net e os antigos e competentes cartazes que já são parte da paisagem urbana. 
Imagine, são quase 20 mil alunos na faculdade de Bellas Artes. Rola muita coisa.

Domingo fui ver uma peça boa a beça. "Adonde Van Los Muertos (Lado A)" do tradicional grupo "Krapp". Como já dá para perceber pelo título a obra toca no tema da morte, mas de uma maneira bem inusitada, tanto na forma como no conteúdo.



 O grupo convocou 10 artistas de diferentes áreas (teatro, dança, cinema etc) para que cada um pensasse em uma possível representação cênica sobre a morte. Depois, se apropriou destas idéias e as (re)criou, dando origem a esta peça, que mistura projeção de vídeo, dança e atuação de uma maneira bem bonita. O resultado é profundamente emotivo, sensível e até engraçado, mas acima de tudo super verdadeiro. Afinal, não existe nada mais real que a morte, mesmo quando representada. 

Pena que domingo foi o último dia, mas vale ter o nome do grupo na cabeça: Krapp.

sábado, 3 de setembro de 2011

El rock nacional

A Argentina é o país do rock. Pelo menos na América Latina não existe nação mais roqueira que a argentina. Em cada garagem há uma banda ensaiando, em cada festa tem sempre alguém tocando uma guitarra e em cada balada o momento "rock nacional" levanta a galera. E não têm nada disso de tango-rock  (como o samba rock brazuca) é rock, puro e simples.
   O roqueiro clichê é o "rolinga", fanático por Rolling Stones (daí o nome rolinga) na versão internacional e de Los Redondo, Ratones Paranoicos e Viejas Locas na nacional. O estilo é facilmente reconhecido pelos bairros da grande Buenos Aires: cabelo com mullet (muito mais imponente que o mullet típico argentino), franjinha, camiseta da boca Stones e 1 litrão de quilmes na mão. Por mais que muita gente não curta (eu, por exemplo) os rolingas influenciaram e muito o Rock Nacional. Vai lá na wikipedia pra ver: http://es.wikipedia.org/wiki/Rolinga




Los Redonditos de Ricota (também conhecidos como Los Redondos). Clássico platense, presente em 9 das 10 festas universitárias da cidade.
                               
   O rock cheto (esnobe) é, obviamente, porteño (de Buenos Aires capital). É lindo de escutar e de ver. Roupas estruturadamente desalinhadas, cabelo estruturadamente embaraçado e óculos escuros (mesmo de noite, mesmo na balada, mesmo no cinema). Babasonicos e Soda Stereo são representantes desta vertente. O rock cheto encontra o rock intelectual (Charly García) nas música do cantor Spinetta (que eu amo de paixão).




El flaco (também conhecido como Spinneta), ainda jovem, toca minha canção preferida com a sua banda. O vídeo tem um som meio tosco, mas da pra ver bem o estilo da galera. O cantozinho no começo e no final do vídeo merece um post especial e é o maior legado da triáde  "rock-peronismo-futbol" à cultura nacional. 


  Têm também o rock glam (Virus e Miranda), o rock platense (aqui da terrinha) e milhares de outros adjetivos roqueiros que vão ficar para posts futuros.
  Como tudo na Argentina, o rock também é discutido, analisado, debatido e estudado em todos os lados. Da mesa do bar à carteira do colégio, da praça à faculdade, num paper acadêmico, no jornal, na tv etc ( a lista, acredite, pode ser infinita). Mas é uma delícia super argentina ligar o rádio em qualquer estação e escutar uma guitarra sem frescura. 




E para terminar, o video aí em cima da minha banda rock argentina favorita e que não foi mencionada (merece, sem dúvida, um post especial): Sumo. O vocalista era um italiano (da para perceber o sotaque, adoro!) que mudou o rock argentino. 


Ps: faltaram milhares de bandas, já sei. Mas é impossível fazer um estudo detalhado sobre a cultura roqueira em uma única madrugada e num único post.  







quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Quando eu cheguei por aqui...

Em 2006 peguei minhas três malas gigantes minha mochila e vim para a Argentina estudar cinema. Caí em La Plata, a esquecida capital da Pronvícia de Buenos Aires (a Buenos Aires famosa é Ciudad Autónoma, como o D.F. daí do Brasil). Cheguei com um montão de idéias e conceitos, cheguei falando "vale" no final de cada frase e usando a segunda pessoa do singular (a terceira também). Com o tempo incorporei o "dale, boludo" e a estranha conjugação do vos no meu vocabulário. E quase seis anos depois decidi começar este blog. Vamos ver o que vai sair daqui. 

                   
                  La Plata ta aí, é o conglomerado menorzinho em cima do maior (C.A. Buenos Aires), na margem direita do rio.